Miscigenação intensa provocou seleção natural no Brasil em apenas 500 anos

Wilson Dias/Agência Brasil

Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) analisou o genoma de 2.723 brasileiros, de diferentes regiões, criou um mapeamento genético inédito no Brasil e identificou uma seleção natural de genes em apenas 500 anos de história do país

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A pesquisa, publicada na revista Science, mostrou que três genes associados a fertilidade, imunidade e metabolismo energético sobreviveram ao processo de colonização e à intensa miscigenação que aconteceram no território brasileiro

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A questão é que, quando se fala em seleção natural na ciência, o prazo esperado é de milhares de anos até a observação de um fenômeno que foi registrado em um período tão curto por aqui

Edward Jenner/Pexels

É um processo que a gente pensa em milhares de anos, mas esse embaralhamento da colonização foi tão forte, do ponto de vista demográfico, de número de pessoas, que parece ter acelerado alguns processos. A gente consegue ver seleção natural no espaço de 500 anos e isso é realmente incrível

Tábita Hünemeier, professora do Instituto de Biologia da USP e pesquisadora do Instituto de Biologia Evolutiva da Espanha

Segundo Hünemeier, o sistema imunológico está relacionado a uma ancestralidade africana, o sistema de metabolismo energético teria vindo dos povos indígenas e a fertilidade foi herdada dos europeus

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O estudo mostrou um retrato profundo e histórico da miscigenação no Brasil e encontrou mais de 8,7 milhões de variantes genéticas que nunca havia sido identificadas antes

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Você nunca vai identificar uma variante genética ligada a uma doença se essa variante não estiver na população que você está estudando. Se eu estudar europeus, não vou identificar uma variante africana, porque a África tem uma história evolutiva diferente. A América tem uma história evolutiva diferente e isso tudo levou a acúmulo de diversidade

Tábita Hünemeier, professora do Instituto de Biologia da USP e pesquisadora do Instituto de Biologia Evolutiva da Espanha

Segundo Hünemeier, essa pesquisa é um primeiro grande passo para o desenvolvimento da medicina no Brasil. O ramo pode se beneficiar da análise genômica justamente porque os órgãos de saúde terão mais sedimento para direcionar políticas públicas

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ANIRUDH/Unsplash

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